Ousadia – Interpretação crônica 8/9º ano

Ótima crônica para discutir a questão
do preconceito. O texto já tem algumas décadas, mas o tema  é bem atual. O professor pode dividir a
leitura em duas partes, para que os alunos façam suposições sobre o que vai
acontecer, depois continuar a leitura do restante do texto e fazer as questões
da interpretação sugeridas após o texto. Quem quiser gabarito para conferir é
preciso enviar o email (correto, por favor) para resposta e se identificando como professor(a).
OUSADIA
Fernando Sabino
1ª parte

A moça ia no ônibus muito contente
desta vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou:
– A sua passagem já está paga, disse
o motorista.
– Paga por quem?
– Esse cavalheiro aí:
E apontou um mulato bem vestido que
acabara de deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso junto à calçada.
– É algum engano, não conheço esse
homem. Faça o favor de receber. 

– Mas já está
paga…
 Faça o favor de receber! –
insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem alto 
para que o homem ouvisse: – Já disse
que não conheço! Sujeito atrevido, ainda fica ali me esperando, o senhor não
está vendo? Por favor, faço questão que o senhor receba minha passagem.

O motorista ergueu os ombros e acabou
recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes.

A moça saltou do
ônibus e passou fuzilada de indignação pelo homem.
Foi seguindo pela
rua sem olhar para ele.
Se olhasse, veria
que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns passos.
2ª parte
Somente quando
dobrou à direita para entrar no edifício onde morava, arriscou uma espiada: lá
vinha ele! Correu para o apartamento, que era no térreo, pôs-se a bater aflita:
– Abre! Abre aí!
A empregada veio
abrir e ela irrompeu pela sala, contando aos pais atônitos, em termos confusos,
a sua aventura.
– Descarado, como é
que tem coragem? Me seguiu até aqui!
De súbito, ao
voltar-se, viu pela porta aberta que o homem ainda estava lá fora, no saguão.
Protegida pela presença dos pais, ousou enfrentá-lo
– Olha ele ali! É
ele, venha ver! Ainda está ali, o sem-vergonha. Mas que ousadia!
Todos se
precipitaram para a porta. A empregada levou as mãos à cabeça.
– Mas a senhora,
como é que pode! É o Marcelo.
– Marcelo? Que
Marcelo? – a moça se voltou surpreendida.
– Marcelo, o meu
noivo. A senhora conhece ele, foi quem pintou o apartamento.
A moça só faltou
morrer de vergonha:
– É mesmo, é o
Marcelo! Como é que não reconheci! Você me desculpe, Marcelo, por favor.
No saguão, Marcelo
torcia as mãos encabulado:
– A senhora é que me
desculpe, foi muita ousadia.

——-

Após ler o texto com atenção, responda:
1.Qual é o tema desta crônica? 
2. Quem são as personagens principais da crônica?
3. 
a)O  foco narrativo é:
 ( 
) 1ª pessoa ( também é personagem)
 ( 
) 3ª pessoa (observador – conta apenas o observa)
 ( 
) 3ª pessoa onisciente (sabe também o que as personagens pensam)
b)Justifique a sua resposta com um trecho da crônica.
4.
 a)A linguagem empregada no texto é:
(   )   formal
                  (   )  informal
b)
Transcreva um trecho do texto que justifique sua resposta.
5.Identifique no enredo da crônica a sequência dos fatos e enumere-os: 
(1) Situação inicial
(2) Complicação ou conflito
(3) Clímax 
(4) Desfecho 
( ) Ao
subir para seu apartamento, a moça percebe que o homem que a estava seguindo
está no saguão do prédio.
(  )Surpreende-se ao saber que a passagem já foi
paga por um rapaz que a espera.
(  ) Uma moça, no ônibus, vai pagar a passagem.
( ) A  moça só faltou morrer de vergonha  porque descobre que o homem não era suspeito e
sim o noivo de sua empregada, ela não o havia reconhecido.
6.A descrição física do moço é importante para a construção do
mal-entendido na história? Por quê?
7.As personagens transitam por vários lugares ao longo da história. Quais?
     8. 
     a)Que tipo de
discurso predominou na crônica?
    
b) Que efeito esse recurso provoca no leitor? 

9. 
a)Justifique o título da crônica:
b)Em sua opinião, a crônica “Ousadia” faz alguma crítica a algum comportamento humano muito presente em nossa sociedade? 

     10. De que recursos se serviu o autor para criar o
humor presente na crônica?  

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