Bruxas não existem – Interpretação de texto 6º ano e produção

Deixei o texto até o clímax, pois a ideia
é fazer os alunos produzirem um desfecho bem interessante, que depois poderá
ser compartilhado com os colegas.




Bruxas não existem
Moacyr Scliar
1ª PARTE
Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas
que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também
acreditavam nisso. A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona
que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua. Seu nome era
Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de “bruxa”. 
           Era muito feia, ela; gorda, enorme,
os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga
no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa, mas
tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando
venenos num grande caldeirão. 

Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta
e meia invadíamos o pequeno pátio para dali roubar

frutas
e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém
ali perto, corríamos atrás dela gritando “bruxa, bruxa!”. 
Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem
pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com
ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil. Ao contrário do que sempre
acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara aberta a
janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos
o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos
até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos
na cortina. 
   – Vamos logo – gritava o João Pedro -, antes
que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente,
conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali estava ela,
a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho,
era o último. 


          
E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato
senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo,
tentei me levantar, mas não consegui. E a bruxa, caminhando com dificuldade,
mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava
longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim
sua fúria. 

          
Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva.
Após ler esse trecho do texto, responda:
1.Nesse texto, o narrador é:
(   ) em 1ª
pessoa, pois o narrador também é personagem.
(   ) em 3ª
pessoa, apenas relata o que observa.
2. No texto,
o narrador:
(A) conta
histórias de feitiçaria.                           

(B) narra histórias de sua infância.
(C) descreve
a cidade em que nasceu.               

(D) dá a receita para uma infância feliz.
3. A diversão predileta dos
garotos
era:
(A) caçar
animais no fim da rua.                           

(B) fazer compras no pequeno armazém.
(C) preparar
venenos no caldeirão da vizinha.     

(D) caçoar da vizinha e roubar
frutas do seu quintal..
4.De acordo com o narrador, o que são bruxas?


5.Para o garoto e seus amigos, qual era a
prova de existência das bruxas?
6. As crianças acreditavam que Ana Custódio era uma bruxa
porque ela
(A) vivia incomodando os vizinhos.                      
(B) era feia, gorda e falava sozinha.
(C) preparava venenos num caldeirão.                
(D) morava em
uma casa muito pequena.
7.Pela leitura do texto ficamos sabendo que
naquela manhã algo foi diferente do que sempre acontecia. Releia o texto e
responda: O que sempre acontecia


8.Quem era o líder do grupo?
9. Qual foi o plano dos garotos e o que deu
errado?



Produção textual

Como você 
imagina que essa história termina? Será que a mulher é mesmo uma bruxa?
O que ela fez ao garoto que invadiu sua casa?

Escreva um final bem interessante.
Após os
alunos realizarem a produção do final, e compartilharem com os colegas, o
professor poderá ler o desfecho:
2ª PARTE
    Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-se junto a
mim e começou a examiná-la com uma habilidade surpreendente. 

           – Está quebrada – disse
por fim. – Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui
enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim. 

          
Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto
de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e,
amparado nela, fui até minha casa. “Chame uma ambulância”, disse a
mulher à minha mãe. Sorriu. 

          
Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha
perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de
acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo de uma senhora que morava em
minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana Custódio



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